terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus

Louvados sejam Nosso Senhor Jesus Cristo e Sua Mãe, a Virgem Maria Santíssima!
Para sempre sejam louvados.


Neste dia dedicado à Virgem Maria, sob o título e dogma de Mãe de Deus, meditemos um pouco sobre a
exclamação de Santa Isabel ao receber a visita de Maria:
"Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá.Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!"(Evangelho segundo São Lucas, Capítulo 1, dos versículos 39 ao 45)


Por este pequeno e rico texto da Sagrada Escritura, depreendemos que é válido chamar de Mãe de Deus a Virgem de Nazaré, e ainda, nos deparamos com o mais antigo registro deste ato. Pouco após a Anunciação do Anjo, da Encarnação do Verbo de Deus no ventre de Maria (cf. Lc 1, 31-35), ela se dirige à casa de sua prima, Isabel, a fim de servi-la, ajuda-la durante sua gestação. Desde este episódio já vai se tornando evidente o caráter distinto da Virgem, que não se acomoda nem se sente superior por ter recebido uma revelação do Céu, nem por carregar no ventre o Filho do Altíssimo. Põe-se a serviço, não se intimida pela distância nem se limita por sua condição de grávida. A Palavra de Deus enfatiza que Maria foi às pressas, - indicando sua disposição em servir -  às montanhas, - Maria não se importou com a distância, com as limitações, com as dificuldades que se apresentavam no caminho. Ela foi.

Santa Isabel apenas ouve a voz de sua prima, e profere uma das mais conhecidas frases da Bíblia, repetida até hoje nas nossas Ave-Marias: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
Podemos, entretanto, olhar com mais cuidado a cena, e encontraremos muito mais do que se mostra aos nossos olhos à primeira vista:
-João Batista, no ventre de Isabel, sente a presença de Maria e de Jesus, e se manifesta como pode, isto é, "estremecendo", mexendo. Poderia ser apenas uma coincidência? Bem, o evangelista narra anteriormente que João, segundo o anúncio do Anjo a Zacarias, seria cheio do Espírito Santo. Mas observe atentamente o que o Anjo diz: "e desde o ventre de sua mãe será cheio do Espírito Santo;" (Lc 1, 15)
Coincidência? Não. João reconhece a presença de Maria e do Menino Jesus por força e ação do Espírito Santo. Sua percepção é desperta pela voz de Nossa Senhora.
-Isabel fica cheia do Espírito Santo, após ouvir a saudação de Maria. Ora, se Maria fosse apenas um receptáculo de Cristo, apenas uma barriga para carrega-lo, uma qualquer, como muitos dizem, não haveria razão alguma para o Espírito agir por meio dela, e despertar em Isabel e em João Batista o conhecimento da Boa Nova - a Encarnação do Verbo de Deus. Um anjo poderia, assim como havia comunicado a Zacarias da gravidez de sua esposa, anunciar a Isabel que sua prima estava gerando em seu ventre o Messias. No entanto, quis usar da própria Maria para comunicar - sem revelar por suas próprias palavras - esta boa notícia. Maria apenas saúda, e o Espírito enche Isabel e João, e os dá a conhecer a Encarnação do Verbo.


-Isabel chama Maria de "a mãe do meu Senhor". Esta saudação revela o conhecimento - dado pelo Espírito Santo - por parte de Isabel, da divindade da criança que estava no ventre de Maria. Isabel chama o fruto do ventre de sua prima de "meu Senhor" - ou seja, Isabel não separou aí a humanidade da divindade de Cristo. Reconhece que o ser humano que sua prima gesta é o seu Senhor, seu Deus. Não pode ela estar enganada, pois quem a deu a conhecer tais coisas, repito, foi o Espírito Santo.
-A visita da "mãe do meu Senhor" é uma honra para Isabel. Esta pequena constatação nos mostra que toda honra, toda virtude que Maria possui é por causa dos méritos de Cristo, e é isto que a Igreja prega até hoje. Tudo o que Maria é, é por causa de Cristo. Ela é a Mãe do Senhor. A Mãe de Deus. Vemos assim que não pode ser uma qualquer quem é mãe de Deus.
Isabel era já de idade, esposa de um sacerdote, e ainda descendente de Aarão (cf. Lc 1, 5). Tinha com toda certeza muito mais importância social do que Maria, uma jovenzinha pobre, noiva de um carpinteiro. Qual honra a visita desta pobrezinha podia ter? Mais uma vez, reforço, o Espírito Santo mostra e impele Isabel a dizer: a honra está em ser esta moça, a Mãe de Deus.
Além disso, ela termina proclamando Maria como "Bem-Aventurada", como "Bendita", e reconhece a beatitude de Seu Filho. Chama ainda Maria de fiel, por ter acreditado nas promessas do Senhor. Isabel foi a primeira a fazer o que repetimos até hoje: veneramos e honramos Maria pelo que Ela é. E tudo o que Ela é, sabemos que é por causa de Jesus. Isabel se torna para nós a primeira devota da Virgem Maria.

"Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo."
(Evangelho segundo São Lucas, capítulo 1, versículos 48 e 49)
O mesmo Espírito que veio sobre a Virgem para que ela concebesse Jesus, o mesmo Espírito que enche João Batista desde o ventre materno, e que se apodera de Isabel e a faz reconhecer o Filho de Deus sendo gerado em Maria, faz a pobre moça de Nazaré profetizar que todas as gerações a honrarão como bendita, e a proclamar que Deus realizou nela maravilhas. Este mesmo espírito levou a Igreja a reconhece-la como Mãe de Deus  (após  dois Concílios: em 325 o Concílio de Nicéia, e em 381 o de Constantinopla), como forma de cumprimento da profecia da própria Virgem Maria.

Deus nos conceda, pela poderosa intercessão de Maria, um ano abençoado, um ano de graça e de fé.
Louvor a Deus!
Para sempre, amém.

Matheus Silva de Paula.


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