segunda-feira, 11 de julho de 2011

11 de Julho, dia de São Bento


Nesta data comemoramos um dos santos mais famosos da Igreja Católica, São Bento, considerado o pai do monaquismo cristão (a vivência como monge ou monja como vocação católica), também conhecido através da medalha que leva seu nome e sua figura. Conheçamos mais sobre este santo:

Por ocasião da dedicação do Mosteiro de Monte Cassino em 1964, após sua reconstrução, o Papa Paulo VI proclamou São Bento (ca. 480 - ca. 547) patrono principal de toda a Europa. O título, apesar de um pouco exagerado, é verdadeiro sob vários aspectos. São Bento não construiu o Mosteiro de Monte Cassino com a intenção de salvar a cultura, mas, de fato, os mosteiros que depois seguiram a sua Regra foram lugares onde o conhecimento e os manuscritos foram preservados. Por mais de seis séculos, a cultura cristã da Europa medieval praticamente coincidiu com os centros monásticos de piedade e estudo.
Ícone de São Bento
São Bento não foi o fundador do monaquismo cristão, tendo vivido quase três séculos depois do seu surgimento no Egito, na Palestina e na Ásia Menor. Tornou-se monge ainda jovem e desde então aprendeu a tradição pelo contato com outros monges e lendo a literatura monástica. Foi atraído pelo movimento monástico, mas acabou dando-lhe novos e frutuosos rumos. Isto fica evidente na Regra que escreveu para os mosteiros, e que ainda hoje é usada em inúmeros mosteiros e conventos no mundo inteiro.
A tradição diz que São Bento viveu entre 480 e 547, embora não se possa afirmar com certeza que essas datas sejam precisas do ponto de vista histórico. Seu biógrafo, São Gregório Magno, papa de 590 a 604, não registra as datas de seu nascimento e morte, mas se refere a uma Regra escrita por Bento. Há discussões com relação à datação da Regra, mas parece haver consenso de que tenha sido escrita na primeira metade do século VI. São Gregório escreveu sobre São Bento no seu Segundo Livro dos Diálogos, mas seu relato da vida e dos milagres de Bento não pode ser encarado como uma biografia no sentido moderno do termo.
A intenção de Gregório ao escrever a vida de Bento foi a de edificar e inspirar, não a de compilar os detalhes de sua vida quotidiana. Buscava mostrar que os santos de Deus, em particular São Bento, ainda operavam na Igreja Cristã, apesar de todo o caos político e religioso da época.
Por outro lado, seria falso afirmar que Gregório nada apresenta em seu texto sobre a vida e a obra de Bento. De acordo com os Diálogos de São Gregório, Bento (e sua irmã gêmea, Escolástica) nasceu em Núrsia, um vilarejo no alto das montanhas, a nordeste de Roma. Seus pais o mandaram para Roma a fim de estudar, mas ele achou a vida da cidade eterna degenerada demais para o seu gosto. Por conseguinte, fugiu para um lugar a sudeste de Roma, chamado Subiaco, onde morou como eremita por três anos, com o apoio do monge Romano. Foi então descoberto por um grupo de monges que o incitaram a se tornar o seu líder espiritual. Mas o seu regime logo se tornou excessivo para os monges indolentes, que planejaram então envenená-lo.

Gregório narra como Bento escapou ao abençoar o cálice contendo o vinho envenenado, que se quebrou em inúmeros pedaços. Depois disso, preferiu se afastar dos monges indisciplinados. São Bento estabeleceu doze mosteiros com doze monges cada, na região ao sul de Roma. Mais tarde, talvez em 529, mudou-se para Monte Cassino, 130 km a sudeste de Roma; ali destruiu o templo pagão dedicado a Apolo e construiu seu primeiro mosteiro. Também ali escreveu sua Regra para o Mosteiro do Monte Cassino, já prevendo que ela poderia ser usada em outros lugares. Os 38 pequenos capítulos do Segundo Livro dos Diálogos contêm vários episódios da vida e dos milagres de São Bento. Algumas passagens dizem que podia ler o pensamento das pessoas, outras mencionam feitos miraculosos, como quando fez brotar água de uma rocha e um discípulo andar sobre a água; outra passagem menciona um jarro de óleo que nunca se esgotava.

As estórias de milagres fazem eco aos acontecimentos da vida de certos profetas de Israel, e também da vida de Jesus. A mensagem é clara: a santidade de Bento é como a dos santos e profetas de antigamente, e Deus não abandonou o seu povo, mas continua a abençoá-lo com homens santos. Bento deve ser encarado como um líder monástico, não como um erudito. Provavelmente conhecia bem o latim, o que lhe dava acesso aos escritos de Cassiano e outros, incluindo regras e sentenças. Sua Regra é o único texto conhecido de Bento, mas é suficiente para manifestar a habilidade genial com que cristalizou o melhor da tradição monástica e trouxe-a para o Ocidente. Gregório apresenta Bento como modelo de santo que foge da tentação para levar uma vida de atenção à presença de Deus.

Através de um esquema equilibrado de vida e oração, Bento chegou ao ponto de se aproximar da glória de Deus. Gregório narra a visão que Bento teve quando sua vida chegava ao fim: "De súbito, na calada da noite, olhou para cima e viu uma luz que se difundia do alto e dissipava as trevas da noite, brilhando com tal esplendor que, apesar de raiar nas trevas, superava o dia em claridade. Nesta visão, seguiu-se uma coisa admirável, pois, como depois ele mesmo contou, também o mundo inteiro lhe apareceu ante os olhos, como que concentrado num só raio de sol" (cap. 34). São Bento, o monge por excelência, levou um tipo de vida monástica que o conduziu à visão de Deus.

(Traduzido de The Modern Catholic Encyclopedia, The Liturgical Press (1995), 77-78)

A Medalha

São Bento usava com freqüência o sinal da cruz. Utilizava como forma de proteção, salvação e afirmação da vida e obra de Jesus. Fato é o episódio em que o cálice envenenado quebra-se ao ser feito o sinal da cruz sobre ele. O sinal da cruz era recomendado por ele a todos que estivessem passando por alguma aflição ou tentação maligna. Uma cruz era o selo dos monges na carta de sua profissão quando não sabiam escrever.
No século XVII, em Nattenberg, na Baviera, algumas mulheres acusadas de bruxaria afirmaram não ter conseguido sucesso em atingir o mosteiro beneditino de Metten. Ao ser investigado o fato, constatou-se que em seu interior estavam marcadas as paredes com diversas cruzes com algumas siglas misteriosas. Após alguns anos e mais pesquisas em bibliotecas e somente no século XX o mistério foi desvendado.

Eius in obitu nostro presentia muniamur. “Que a hora de nossa morte, nos proteja Tua presença”.
Nas medalhas atuais, freqüentemente desaparece a frase que é substituída por esta: Crux Sancti Patris Benedicti, ou todavia, mais simplesmente, pela inscrição: Sanctus Benedictus.

Explicação do reverso
Sigla
Latim
Português 
Em cada um dos quatro lados da cruz:
C. S. P. B.
Crux Sancti Patris Benedicti.
Cruz do Santo Pai Bento
Na vertical da cruz:
C. S. S. M. L.
Crux Sacra Sit Mihi Lux.
Que a Santa Cruz seja minha luz
Na horizontal da cruz:
N. D. S. M. D.
Non Draco Sit Mihi Dux.
Que o demônio não seja o meu guia
Começando pela parte superior, no sentido do relógio:
V. R. S.
Vade Retro Satana.
Afasta-te Satanás
N. S. M. V.
Nunquam Suade Mihi Vana.
Não me aconselhes coisas vãs
S. M. Q. L.
Sunt Mala Quae Libas.
É mau o que me ofereces 
I. V. B.
Ipse Venena Bibas.
Bebe tu mesmo teu veneno

E a palavra PAX (Paz) e nas mais antigas IESUS (Jesus).

 A Oração de São Bento 
A Cruz sagrada seja minha Luz               Crux Sacra Sit Mihi Lux
Não seja o Dragão meu guia                   Non Draco Sit Mihi Dux
Retira-te Satanás                                    Vade Retro Sátana
Nunca me aconselhes coisas vãs             Nunquam Suade Mihi Vana
É mal o que tu me ofereces                     Sunt Mala Quae Libas
Bebe tu mesmo do teu veneno                Ipse Venena Bibas

São Bento, 
Rogai por nós!

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